Workshop Baladi Awadi

É chamado de Baladi Awadi uma estrutura musical que teve origem no Cairo, mais especificamente na rua Mohamed Ali por volta dos anos 40. Esse estilo musical une elementos da música clássica árabe,  turca com instrumentos folcloricos Egípcios e instrumentos de orquestra ocidentais como violino, accordion, saxophone e trumpet.


A rua Mohamed Ali sempre foi conhecida por ser o reduto dos artistas, por ter várias lojas onde são produzidos e vendidos instrumentos musicais, pelos cafés e pelo fato de musicos, poetas e bailarinas residirem nesta area.  É claro que o glamour se perdeu com o tempo e hoje em dia não nos resta muito mais que algumas lembraças e muita nostalgia, mas não podemos ignorá-la pois os principais nomes da música Egípcia surgiram lá.


Por ser um ponto de encontro entre artistas foi na rua Mohamed Ali que surgiu essa corrente musical voltada para dança feminina, num contexto de espetáculo, mas com toda as raízes na cultura popular. A progressão musical do Baladi Awadi é de característica urbana (especialmente Cairo e Alexandria), a ser tocada nos cafés, restaurantes, nos cruzeiros do rio Nilo ou em casamentos.



Instrumentos Musicais:
Accordion: tornou-se um dos principais instrumentos para o taksim ( introdução Melodica improvisada) dentro do Baladi Awadi. Na música folclorica esse momento é tocado pela kawala.



riqq: pequeno pandeiro com platinelas originário da musica classica arabe, passou a ser tocado à maneira popular quando inserido na progessão do Baladi.
Derback: Instrumento da cultura popular que passou a ser tocado junto com o riqq.
Ney: Uma flauta de bambo de originária da música folclórica turca e que substituiu o kawala.
Teclado ou orgão:outro instrumento ocidental moderno que conquistou a musica urbana egípcia.
Alaúde: instrumento de cordas da música clássica árabe e turca que pode ser utilizado durante a progressão do Baladi Tet masculino.
 Estrutura Musical


A progressão musical do Baladi possui uma diferença sutil entre a versão masculina com a feminina - atualmente as bailarinas interpretam ambas, mas no passado uma dessas versões eram dançadas apenas pelos homens nas ruas do Cairo.

A versão feminina é chamada de Awadi.
O Baladi Awadi inicia-se com o Taksim (improvisação melódica) onde o accordion é o principal instrumento em seguida existe uma etapa com derback, riqq e accordion chamada de sakat (chamada e resposta). Melodia e percussão são tocados juntos e prescedem ao solo de percussão ou a uma canção folclorica.




Para entendimento didático vamos dividir aqui as etapas e os nomes referentes:



Baladi Awadi - versão feminina
Tahmela
funciona como uma chamada do accordion para dar início e é uma pequena peça musical conhecida por todos. Ouça Baladi e identificará diferentes versões dessa pequena frase musical.
Taksim
Improvisação livre do accordion ou de outro instrumento melódico.
Sakat 
 Interlúdio entre melodia e percussão também conhecido como chamada e resposta.
Awadi 
 A percussão toma seu espaço na composição e são tocados trechos de melodias conhecidas, normalmente o ritmo de base é o Maqsoum.
Tet Sari
Percussão e melodia brincam com tempo e contratempo e muitas vezes o accordion retorna uma espécie de taksim solando sobre a percussão. Ritmo Maqsoum começa a ser tocado mais rápido.
Engrarah
Transição entre o ritmo Maqsoum para o ritmo Fallahii.
Fadi
 Solo de percussão
Aflah
Composição final geralmente com base no ritmo Fallahi ou Malfuf.

Sakkat - Pergunta & Resposta (Exemplo)


Awadi - A percussão toma seu espaço na composição e são tocados trechos de melodias conhecidas, normalmente o ritmo de base é o Maqsoum (Exemplo) 


 

Versão Masculina
Na versão masculina não há o momento entre “pergunta e resposta” mas uma brincadeira contínua onde o accordion soa no contratempo entre duas batidas do derback. O ritmo de base é Wahda Kabir, Masmoudi Sagir e Fallahi.
Em seguida partes de músicas folcloricas são cantadas e desencadeia também para o solo de percussão.
Fifi Abdou foi a primeira mulher a interpretar a versão masculina do Baladi, por isso que ela veste kaftan branco, fuma shisha, utiliza o bastão do Tahtib e interpreta de forma mais ousada. A famosa performance de Fifi Abdou tem a canção Mal'ema. Male'ma é a mulher ousada que toma atitues masculinas, fuma em público (não é muito bem visto na sociedade árabe), fala alto, tem postura de mandona.

Ritmos de Base 
Baladi feminino: Maqsoum, Fallahi, Masmoudi Kebir
Baladi Masculino: Wahda Kebir, Saidi, Maqsoum

Os Ritmos têm uma progressão interessante durante o Baladi, que sempre se inicia com uma introdução improvisada pelo accordion, Ney, saxophone ou Trumpet - chamada de Taksim e que é interrompida pelos primeiros toques do derback, isso acontece de forma sutil e é chamado de pergunta e resposta entre melodia e percussão. A sessão pergunta e resposta precede uma canção folclorica ou um solo de percussão.

Figurino Tradicional

Normalmente se usa a galabiya, um vestido reto com cortes nas laterais e lenço amarrado na região do quadril, não precisa ser decorado com moedas, pode ser apenas um pedaço de tecido. 



Como dançar
Pontos importantes na tecnica do Baladi
Seguindo a concepção tradicional a interpretação do Baladi é um pouco mais complexa do que parece. Embora exista uma simplicidade quanto as sequencias e muitas vezes é minimalista nos movimentos ondulatórios, dançar um baladi com perfeição é um dos processos mais difíceis de serem alcançados.

1- porque não deve ser coreografado, tanto músico como bailarina devem ser espontâneos e saber compartilhar as emoções no instante da performance. Ensina-se combinações que facilitam o aluno a descobrir soluções de como um movimento desencadeia em um outro ou os passos ideias para cada momento, mas nunca coreografados.

2- há uma noção diferente sobre o corpo e a forma como o movimento é executado. O centro de gravidade é abaixo do umbigo, quase na área púbica. Os movimentos das pernas devem manter a tensão entre as coxas, como se uma bolinha estivesse sendo equilibrada. Nas laterais do umbigo existem dois pontos importantes onde os movimentos de ondulação devem finalizar. Todo movimento de quadril sofre uma contração concentrada neste dois pontos laterais.



4- Na técnica do Baladi o corpo é mais solto e diferente da técnica da Dança do Ventre moderna. Não ponta de pé e sim meia ponta, a disantica entre uma perna e outra é mais relaxada e os braços mais arredondados e simples. 

5- Dentro de uma dança Baladi não há necessidade de mostrar técnicas de quadril, para isso existe o solo de percussão. A forma mais correta é utilizar os movimentos mais simples possíveis como 8 de quadril, camelos e maias. Shimmies e acentos são utilizados de forma mais rústica, limpa, sem muito rebuscamento como na técnica da DV moderna. 

6. Mas existe uma tensão como se as pernas estivesse amarradas por um elástico mantendo o controle do corpo. A todo momento a velocidade dos movimentos deve ser controlada ao que algumas professoras chamam "ponto chato". O "ponto chato" significa manter uma combinação simple em velocidade mais lenta que a música parece exigir. Isso acontece durante o Igrerarah, especialmente com ritmo Fallahi. Nosso corpo tende a acelerar de acordo com a intensidade musical, mas no Baladi você deve controlar ao máximo e deixar essa intensidade "explodir" no solo de percussão.

O que nos confunde 
Por ser improvisado existem infinitas versões desta progressão, em algumas estão incluídas trechos de canções folclóricas, como Ya Hassan, Tahtib Shiba.
Como tornou-se uma das mais importantes manifestações musicais do Egito pode ser interpretado por uma grande orquestra com todos os instrumentos clássicos.
Por exemplo, uma cantora clássica Egípcia Oum Khultum possui uma peça chamada Lessa Faker que segue a estrutura de progressão do Baladi e é tocada com grande orquestra.
Neste em Ismaelia Fifi Abdou interpreta Um Khultum e a forma como Lessa Fakir  é tocada segue a progressão do Baladi Awadi, tendo o alaúde no momento do Taksim.



Mona Said é ainda reconhecida perfeição de seu Taksim:

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